domingo, 29 de março de 2009

Esfinge

A cada um cabe sua esfinge e próprio abismo
Trama árida da qual a vida tece tênues fios
Enigmas sombrios; calabouços do íntimo
O amor tem na esperança o último abrigo
Mentiras honestas; traição de olhos amigos
Quantas punhaladas suporta o coração iludido?
Seca e cruel, a desilusão é musa de múltiplos disfarces
A língua de Vênus é doce enigma aos ouvidos de Marte
Saudade é para quem fica; a curiosidade é de quem parte...
O fim da existência é entretenimento no diário dos desastres
Solidão, ira e ansiedade; sentimentos que nos invadem
Quantas estocadas sangram o malogrado peito que debate?
Esfinge dos tempos, enigma dos novos dias
A humanidade caminha só e autodestrutiva
O Universo é sem luz, as poesias sem rima
A vida não dança mais aos acordes da lira
À chegada do luar, o Sol, discreto, se retira.
A Esfinge revela o conteúdo de seu enigma:
Como o mundo sobreviverá ao trágico fim da poesia?

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