terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Rosa dos Ventos

Impacto luzidio,
Relicário fugitivo,
Abandone o que te consome
Seja sincera
Devassa ou beata,
Não importa,
Largue a máscara
Venha farta

Táctil, o pudor se faz frágil,
A lua múltipla esconde-se cigana.
O vento, cardeal, corre à rosa,
Enquanto oceanos dançam, anacrônicos...
A atmosfera se abre luminosa e vasta
O peito explode o vazio.
Olhos, como sempre, pulsam,
Mas o coração não quer mais ver...

Havia esquecido o quanto doía
Vai-se das nuvens ao chão
Rápido impacto, tal raio,
Fulminante e simples: não

Fresta de sol em dia plúmbeo,
O sonho chorou tua partida,
Só, na caixa de Pandora.
O destino se espalha em estradas tortas...
Escolha qual direção seguir,
Antes que a vida siga sem ti.

Frio deserto,
Adora o que lhe é incerto
A paixão, pára-quedista, segue em queda livre,
Desafia o mais valente dos tementes,
O desejo multiplica cores dançarinas,
A beleza, solitária deusa, tem nome de menina,
Idílica, é musa do ar e das ilhas,
Teu nome, se o quisesse, gritaria...
Mas é de Ulisses a Ítaca.

Epopéia poética e náufraga,
Descortina à nau a bruma
Chacoalha a espuma
Concretiza o abstrato em veia funda
Rompe o véu que te afaga...
Além das nuvens fartas,
O céu de brigadeiro nos aguarda

João Bastos

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